quarta-feira, julho 20, 2022

De Lula a Bolsonaro
Rodrigo Viana



Esta coletânea de textos jornalísticos ajuda a recuperar os debates que marcaram o país ao longo da turbulenta segunda década do século XXI, permitindo um duplo mergulho: de um lado, o leitor revisita os embates e impasses políticos, lendo uma crônica dos acontecimentos narrados a quente; de outro, acompanha como esses debates se deram num meio até então pouco conhecido no Brasil – a internet.

Sim, este é também um livro sobre o momento raro em que blogs e redes sociais passaram a ocupar espaço central no debate político. O autor não observou isso tudo de longe. Ao contrário, esteve mergulhado na construção de um campo que se consolidou a partir de 2010 com os encontros de blogueiros progressistas e a organização do Centro de Estudos Barão de Itararé.

sábado, junho 04, 2022

Meu Querido Lula
Maud Chirio


De 7 de abril de 2018 a 8 de novembro de 2019, o ex-presidente Lula ficou encarcerado na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba. Foram 580 dias de cárcere, que marcaram definitivamente o rumo da história pessoal de Lula e também do Brasil: enquanto o país elegia um representante da extrema direita, um acampamento em frente à prisão se formou, organizações nacionais e internacionais lutavam na arena jurídica para reverter as injustas condenações, e milhares de brasileiros e brasileiras se solidarizaram com a situação do ex-presidente, seja por manifestações via internet ou pelo meio de comunicação mais antigo entre nós, as cartas. 

https://www.boitempoeditorial.com.br/produto/querido-lula-1238

 

Memórias Zé Dirceu - Volume I


Muitos escreveram sobre José Dirceu, com mais erros do que acertos. Com tempo, na prisão, ele mesmo escreveu a fascinante história de sua vida. Os bastidores inéditos de sua militância estudantil nos anos 1960, o exílio e o treinamento para ser guerrilheiro em Cuba, a cirurgia plástica que mudou seu rosto, a vida clandestina no Brasil nos anos 1970, a volta à legalidade com a anistia, em 1979, e sua ascensão no Partido dos Trabalhadores, onde se tornou presidente e maior responsável pela eleição de Lula à presidência da República. Pela primeira vez ele revela segredos dos bastidores da luta política dentro do PT e do próprio governo, onde foi chefe da Casa Civil e provável sucessor de Lula, até ser abatido pelas denúncias do chamado “mensalão”.

https://www.indicalivros.com/livros/ze-dirceu-memorias-volume-1-jose-dirceu


sexta-feira, abril 22, 2022

WebAtivismo - as jornadas de junho
José Fernandes Uchoa

 


O ano de 2013 ficou marcado como um período importante na história recente da política e dos processos de mobilização social no Brasil. Naquele ano, diversos atos de rua despontaram pelas capitais e regiões metropolitanas do país em torno da pauta inicial do transporte coletivo e do direito às cidades. Inicialmente marcados pela oposição ao aumento das tarifas de transportes urbanos em São Paulo e no Rio de Janeiro, esse processo foi gradualmente ganhando corpo e obtendo adesão de amplos setores da população, espalhando-se pelo território nacional. Apesar de uma cobertura inicialmente desfavorável nos meios de comunicação comerciais, os atos receberam forte apoio nas redes sociais digitais, tendo figurado como o primeiro grande processo de mobilização social com abrangência nacional que contou com protagonismo do ativismo em rede, ou webativismo, como convencionamos abordar nesta obra.


Como as Democracias Morrem
Steven Levitsky e Daniel Ziblatt


Lançado em 2018 nos Estados Unidos e traduzido para o português, no Brasil, ainda no mesmo ano, pela editora Zahar, o livro Como as democracias morrem, de Steven

Levitsky e Daniel Ziblatt, é certamente um caso de best-seller imediato. Embora bastante recente, o livro já recebeu mais de cem citações da sua versão brasileira e quase oitocentas da sua versão original1 e segue suscitando debates e recebendo elogios ao redor do mundo, impulsionado por um Zeitgeist mundial em que a democracia enfrenta visíveis processos de erosão e ruptura.

O livro busca mostrar como a democracia pode e é frequentemente subvertida por dentro, pelas mãos de líderes e atores de tendência autoritária que, navegando através de suas mesmas instituições e poderes, terminam por transformá-la em um regime distinto e autocrático, sem necessariamente precisar utilizar das forças armadas ou de um golpe de Estado clássico. Segundo os autores, a morte da democracia atualmente viria principalmente através de medidas anunciadas com nobres intenções, tais como combate à corrupção ou segurança nacional, e coberta de vernizes democráticos, frequentemente avalizadas por instituições como parlamentos ou cortes de justiça.

A subversão democrática na maioria das vezes se daria através de medidas graduais e se iniciaria, na verdade, já através de medidas simbólicas e discursos polarizadores que buscam construir a ideia de ilegitimidade dos opositores. E prossegue através da captura ou neutralização de instituições de controle, tais como Procuradorias, Cortes de Justiça ou Tribunais de Contas, removendo seus membros mais independentes e/ou preenchendo-as com legalistas fanáticos, tanto para diminuir os riscos e limitações que tais instituições representariam aos objetivos do autocrata, quanto pelo potencial que representam na coerção dos adversários, que passam a enfrentar um campo de atuação cada vez mais desnivelado. E, apesar de as tendências autoritárias de líderes autocráticos serem frequentemente reconhecíveis e por vezes mesmo explicitamente anunciadas, desde muito antes de suas chegadas ao poder, tais líderes acabam sendo "normalizados" por parte de elites políticas que neles enxergam a possibilidade de se livrar de adversários incômodos. Minimizando os riscos ao próprio regime democrático, aproveitam-se de maneira interessada dos abusos contra seus adversários e terminam na maioria das vezes engolidos pelo avançar do processo.

Povos Originários - Guerreiros do Tempo
Ricardo Stuckert


Resultado de 25 anos de dedicação por parte de Ricardo Stuckert, ‘Povos originários: guerreiros do tempo’, recém-lançado pela editora Tordesilhas, é muito mais que um livro de fotografias. Trata-se de um verdadeiro manifesto em defesa da população indígena, cuja riqueza cultural e importância para a preservação do patrimônio natural do Brasil continuam menosprezadas, mais de 500 anos depois da chegada dos portugueses.

Conhecido por ser o fotógrafo oficial do ex-presidente Lula e diretor de fotografia do longa ‘Democracia em Vertigem’, indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2020, Stuckert retrata na obra as singularidades e tradições de 10 etnias indígenas brasileiras. Para cada uma delas, há um texto de um antropólogo escolhido pelas próprias tribos para falar sobre a história de cada povo.

“É um livro em que as pessoas vão entender a história deles. Isso engrandeceu muito o projeto” (Stuckert)

terça-feira, fevereiro 22, 2022

Guerra e Paz
Liev Tolstói



Quando se lê Guerra e Paz pela primeira vez, abre-se uma página distinta na biografia de cada um de nós. Por isso, escrever uma crítica apropriada desse livro é um desafio quase impossível. O que não é difícil é expressar minha imensa gratidão por ter tido a sorte de vivenciar o poder da grande arte num encontro tão pessoal - o poder da palavra criativa de penetrar a alma e produzir uma tempestade de emoções e de pensamentos, de chocar, deleitar e iluminar.

A obra-prima de Tolstói nos fala de questões existenciais sobre a essência do homem, o significado da vida, do amor, da felicidade, da morte... É uma aventura e uma viagem por um mundo diferente, não apenas em termos de geografia e de tempo. Ela nos fornece, nas palavras de Turguêniev, uma representação fiel do caráter e do temperamento do povo russo (de uma era passada), “melhor do que se lêssemos centenas de obras de etnografia e de história”. O romance é catártico e transformador, provocando uma mudança em nossa percepção e compreensão do mundo. É uma jornada que exige que nos livremos de todos os clichês e das imagens produzidas pela miríade de versões cinematográficas do livro de Tolstói, para assim “descobrir o que só pode ser descoberto pela arte do romance” nas palavras perspicazes de Kundera. Isso requer, de modo especial, que nos abramos à polifonia da narrativa e à compreensão que Tolstói tem da “história” - a razão de ser desse livro. Foi o que o afastou de sua intenção original de escrever sobre os Dezembristas, para ir buscar as fontes da sua inspiração - seguindo o sábio conselho de Puchkin, de escrever com sinceridade sobre o que foi presenciado, “a guerra e a paz”. Este é o princípio épico do romance, que liga os fios invisíveis da narrativa, formando um quadro único e monumental da vida.

Talvez Você Seja - Desconstruindo a Homofobia que Você nem Sabe que Tem
Marcelo Cosme



Em livro de estreia, "Talvez Você Seja - Desconstruindo a Homofobia que Você nem Sabe que Tem", o jornalista e apresentador da GloboNews Marcelo Cosme convida o leitor a uma reflexão, não sobre a própria sexualidade, como uma primeira leitura do título pode sugerir, mas sobre o comportamento preconceituoso que muitos têm sem nem se dar conta: "Quero te mostrar que nós, LGBTQIA+, estamos aí espalhados, somos o que quisermos ser. E que ‘Talvez você seja’ não mais um de nós, mas preconceituoso e não saiba", afirma na introdução. A publicação é um lançamento da Editora Planeta.

Escrito em tom de reportagem, o livro traz narrativas pessoais de Cosme, como causos de sua infância, o momento no qual, já adulto, beijou um homem pela primeira vez, a fatídica conversa de revelação com a família e o comentário que fez em rede nacional a respeito de seu namorado, atual noivo, cuja repercussão foi maior do que esperava.

Os Fuzis e as Flexas
Rubens Valente


Uma obra começa com um sonho de publicação, um desafio, uma sugestão que vai tomando corpo. Não seria diferente com o presente livro. Além de se observar o que vem sendo publicado nos contextos de interesse, a proposição de um livro é o desdobramento de um processo em geral lento, principalmente quando envolve fontes de criação diversas, pesquisas diferentes, tempos de criação diversos. E quando irrompem eventos inesperados ao cronograma de organização do material geral até sua efetiva publicação, assim como aconteceu com o aparecimento de uma pandemia, que acabou por paralisar partes que o cronograma de elaboração do presente livro ensejava, o desafio mostrou-se maior. Procuramos compilar ideias e saberes de pesquisas em três áreas distintas: Antropologia, Sociologia e Artes Visuais. Tangenciadas por reflexões instigantes com três perspectivas: Cultura, Imagem e contextos de produção. Para nossa grata satisfação e entusiasmo em perceber o quão esses assuntos estão potencialmente sendo discutidos em diferentes perspectivas. Recebemos muitos textos, de pesquisadores de muitos pontos do Brasil. As discussões escritas pelos autores e autoras, certamente desvelam, em cada uma das experiências, saberes e desejos de vários tipos e que providencialmente se inscrevem em agenciamentos, particularidades e referentes. São possibilidades, compilações reunidas que também se expandem ao propor outras formas de análises, intervenções e perspectivas inerentes a cada forma de compreender as culturas e imagens em seus contextos singularizados. O livro demorou a sair.

Tietê, Tejo, Sena: a obra de Paulo Prado
Carlos Eduardo Berriel


Biografia, investigação historiográfica e estudo crítico caracterizam Tietê, Tejo, Sena: A obra de Paulo Prado, de Carlos Eduardo Berriel, pesquisador e professor da Unicamp estudioso do Modernismo brasileiro. O livro é fundamental para olharmos de modo menos idealizado para o movimento paulista lançado pela Semana de 22. Centrado na produção do cafeicultor e ensaísta Paulo Prado, o autor mostra em seu exame como esse representante da oligarquia do café não deve ser visto apenas como o principal mecenas da Semana de Arte Moderna, pois foi, antes, seu grande idealizador. Empregando os termos do próprio Berriel, a obra de Prado permitiria entender o chão social e a condição de classe do Modernismo paulista. Lançado em 2000 pela Papirus, Tietê, Tejo, Sena ganhou uma edição revista e ampliada pela Editora da Unicamp em 2013.

Logo no título da obra identificamos a alusão a movimentos de influxo e incentivo ao Modernismo pela referência a três importantes rios: um no Brasil, outro em Portugal e o terceiro na França. O que eles teriam em comum? Sua ascendência nas artes, no pensamento e nos movimentos de vanguarda. De fato, tanto Lisboa quanto Paris tiveram forte influência em personagens primordiais para o desenvolvimento do modernismo brasileiro. O rio Tietê representa ainda a importância do interior paulista, por meio da produção de café, que impulsionou o desenvolvimento da capital do estado e a produção artística modernista. O Tietê, lembremos, é um rio que corta a cidade de São Paulo e corre em direção ao interior do Estado.

domingo, fevereiro 20, 2022

Horácio - O Tucano Desajeitado
RobertoLobo


Roberto Lobo é Professor carioca sensível a causa de combate ao tráfico de animais silvestres. Formado em História, Geografia e Educação Ambiental pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), tem uma trajetória em defesa do meio ambiente. É vice-presidente do Projeto Siri Azul, uma iniciativa da Frente Interativa de Esquerda (FINES), que defende a despoluição da Baía de Guanabara. Roberto acredita e defende o respeito a todas as formas de vida como fundamento de um mundo melhor para as futuras gerações, uma das razões que o levou a escrever “Horácio - o Tucano desajeitado.

Horácio, o Tucano desajeitado é uma obra atual que busca aproximar o meio ambiente como questão relevante na vida cotidiana da sociedade e, principalmente, convida o leitor através de seu personagem central Horácio, o tucano desajeitado, a conhecer a crueldade do tráfico de animais silvestres e o impacto cruel em nossa fauna do ponto de vista dele. A história é contada pelo próprio Horácio, numa narrativa de sua trajetória cheia de surpresas. Ele relata os acontecimentos desde o seu nascimento na floresta tropical, a saída brusca do seu habitat onde vivia com seus amiguinhos, até a sua chegada num ambiente novo e desconhecido. A sucessão de fatos é pontuada de encontros e desencontros. É um livro que enfatiza a importância do combate ao tráfico de animais silvestres através de uma leitura emocionante e reflexiva, e também, sensibilizar as pessoas pelo respeito que todas as formas de vida merecem.



quarta-feira, fevereiro 02, 2022

Pequeno Guia de Incríveis Artistas Mulheres
Beatriz Calil


Durante muito tempo, as artistas mulheres foram apagadas da história da arte em detrimento de seus colegas do sexo masculino. A artista Beatriz Calil escreveu o manifesto ‘Pequeno guia de Incríveis artistas mulheres que sempre foram consideradas menos importantes que seus maridos’, publicado pela editora Urutau, no intuito de valorizar a história dessas criadoras, além de lembrar que ainda hoje as estatísticas entre artistas homens e mulheres ainda é bastante desigual.



Confira a resenha do livro no link abaixo

A Casa da Vovó
Marcelo Godoy


Houve um momento em 1971, durante o regime militar, em que a repressão do Destacamento de Operações de Informações (DOI) de São Paulo aos militantes de grupos de esquerda no País mudou de qualidade. O cotidiano de violência e morte foi disciplinado.

Produziram-se regras sobre quem devia apanhar, quem devia bater, quem devia viver, quem devia morrer. Tudo com o conhecimento do comando. Essa história agora é contada pelos próprios agentes que trabalharam no DOI – e está no livro A Casa da Vovó. “Tinha um critério: foi preso, fez curso (de guerrilha) em Cuba ou na China ou na Argélia… Era na rua mesmo”, revelou o tenente Chico, que trabalhou 20 anos no DOI.

A ordem de matar os presos que tivessem treinamento de guerrilha no exterior se estendia às pessoas que, banidas do território nacional, voltassem clandestinas ao Brasil. “O banido era para morrer rápido. Já não existia. Tinha de morrer mesmo”, contou a tenente Neuza, que esteve no destacamento de 1970 a 1975.

segunda-feira, janeiro 24, 2022

O Brasil Não Cabe no Quintal de Ninguem
Paulo Nogueira



Não podia ser mais adequado o momento atual, com os diversos lançamentos acompanhados de palestras e debates do livro mais recente de autoria do economista Paulo Nogueira Batista Jr., 
O Brasil não cabe no quintal de ninguém. O título irônico cai como uma luva quando se vê, novamente escancarada, a cobiça permanente do grande irmão do norte e o seu olho grande nas nossas riquezas e potencialidades.

Considerem-se também os mais recentes acontecimentos apontando para mais uma investida violenta tentando a desestabilização política/econômica urgente da América Latina e se aproveitando, nessa urgência, das sombras neofascistas que lpairam sobre a democracia no continente e, em particular, no Brasil.

https://www.nogueirabatista.com.br/2019/11/18/resenha-de-o-brasil-nao-cabe-no-quintal-de-ninguem-no-portal-carta-maior/il.