segunda-feira, maio 04, 2020

Anna Karenina
Liev Tolstoi


Anna Kariênina, escrito por Liev Tolstói, é definitivamente um dos maiores clássicos literários de todos os tempos. Assim como Madame Bovary e Jane Eyre, eu nunca tinha lido, mas sabia, por alto, que era sobre uma mulher forte, uma mulher que abriu caminho para muitas outras na literatura. Eu já tinha visto o filme também, dirigido pelo mestre das adaptações Joe Wright (exceto por Pan), e me apaixonado pelos personagens. Algo me dizia que era a hora.

O livro leva o nome de Anna, mas essa é apenas uma das muitas histórias que acompanharemos, como a genial primeira frase do livro já nos avisa:
"Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira". 
Tudo começa com Oblónski, um servidor público bem do canastrão, que é pego traindo sua esposa, Dolly, com a governanta da casa. Chamam, então, Anna, irmã do traidor, para tentar convencer a cunhada de que nem tudo está perdido. 




domingo, maio 03, 2020

A Peste de Albert Camus



Em 1947, o escritor argelino Albert Camus (1913-1960) publicou A peste. Versão romanceada da filosofia existencialista, A peste é um livro que trata da solidariedade que a todos devemos, da liberdade de escolha e da responsabilidade sobre nossas escolhas. Os tristes e preocupantes fatos dos últimos dias reposicionaram esse livro no centro das atenções de quem a respostas frívolas e não pensadas prefere uma reflexão mais séria sobre as contingências da vida. Esse é o tema dos embargos culturais dessa semana. 
Em uma cidade do norte da Argélia (Oran é o nome), em 1940, um médico encontrou um rato morto ao deixar seu consultório. Noticiou o fato ao responsável pela limpeza do prédio, que se mostrou incrédulo. No dia seguinte, outro rato foi encontrado, morto, e no mesmo lugar. A esposa do médico tinha tuberculose e foi levada para um sanatório. O médico recebeu um jornalista francês que pretendia entrevistá-lo sobre as condições de vida dos árabes da cidade. 
A quantidade de ratos parecia aumentar exponencialmente. Os ratos começaram a ser queimados. Em um único dia, 8 mil ratos foram coletados e encaminhados para cremação. A cidade entrou em pânico. As pessoas sofriam com muita febre, e as mortes se multiplicavam. Decretou-se um “estado de praga”. Os muros da cidade foram fechados. Iniciou-se a quarentena. Preocupava-se com a expansão da doença. 
Famílias foram separadas. Os mais doentes foram conduzidos para outros pontos da cidade. O padre local fez um inflamado sermão dizendo tratar-se de um castigo divino e que a cidade o merecia. Estavam sofrendo. Mas mereciam, dizia o padre. Prisioneiros eram usados para movimentar e enterrar cadáveres. Os corpos se amontoavam nas ruas. Crianças morriam. O padre ainda achava que tudo decorria dos planos divinos. Afirmava que os cristãos deveriam aceitar o destino. O padre morreu. Camus era um anticlerical. Mas era realista. 
Em determinado momento, as mortes começaram a diminuir. Fechou-se um ciclo. As portas da cidade se abriram. As famílias, então separadas, começavam a se reunir. Acabou. A praga durou 10 meses. O enredo, no entanto, é longo, e conta com muitas variações e subtemas. Vale a pena uma leitura detida. 
Esse livro estonteante é uma clara e direta crítica ao nazismo e à ocupação militar alemã, que humilhou e subjugou os franceses. Camus participou da Resistência, grupo que se insurgia contra os alemães que ocupavam Paris. Escrito ao longo da guerra, com a expectativa que de que a aflição passasse um dia, A peste é uma lembrança de que o pior sofrimento um dia se acaba. Noites são escuras. Mas não são eternas. A peste é também discurso contra qualquer forma de opressão humana, da qual o nazismo revelava-se como a mais opressiva de todas. A peste é ainda atitude de incredulidade para com o absurdo, contra o qual conduz revolta necessária e libertadora. 
Camus concluiu esse desesperado livro lembrando que o bacilo da peste não morre e não desaparece. Avisou-nos que o bacilo da peste fica “dezenas de anos a dormir nos móveis e nas roupas”. Ainda, advertiu que a peste “espera com paciência nos quartos, nos porões, nas malas, nos papeis, nos lenços”. E quando volta, “para nossa desgraça, manda os ratos morrerem numa cidade feliz”. Trocando-se ratos e bacilos por outros vírus e pragas tem-se o quadro aflitivo que eu e o leitor vivemos. E os mais fragilizados mais ainda. 


sábado, maio 02, 2020

Marisa Letícia Lula da Silva Porque Indiquei Este Livro




A repercussão da internação de Dona Marisa Letícia em decorrência de um AVC, em 2017, milhares de brasileiros e brasileiras ficaram curiosos (as) sobre a vida dessa mulher simples, como Primeira Dama do Brasil. 

Depois de muitas pesquisas encontrei o artigo “Marisa Letícia Lula da Silva: as palavras que precisavam ser ditas” de autoria da jornalista Hildegard Angel. Uma leitura emocionante, que é impossível não despertar admiração e respeito pela então Primeira Dama da República Federativa do Brasil. 

Dona Marisa foi uma mulher incrivelmente especial. E você pode confirmar isso, tanto no livro “Marisa Letícia Lula da Silva” de Camilo Vannutti, indicado pela Fines, como também no artigo de Angel. 

Sandra Rezende


Leia aqui o artigo de Hildegard Angel



Livro Camilo Vannuchi

Marisa Letícia Lula da Silva é uma das figuras mais emblemáticas da história brasileira contemporânea. Companheira do principal líder político do país desde os anos 1970, Lula, Marisa foi retratada de diferentes maneiras: submissa e dócil, forte e mandona, ignorante, inexpressiva ou vingativa. Nenhuma chegou perto da verdadeira Marisa.

https://www.alamedaeditorial.com.br/historia/marisa-leticia-lula-da-silva-de-camilo-vannuchi

Marisa Letícia Lula da Silva de Camilo Vannutti



Na cozinha de uma casa no Jardim Lavínia, em São Bernardo do Campo, um grupo de mulheres trabalha sobre tecidos, tintas e telas. São vizinhas, irmãs e companheiras de partido de Marisa Letícia, que lidera a produção de camisetas para a campanha do marido ao governo do Estado de São Paulo, em 1982. Dali saem 200 peças por dia, em modelos variados. Na mais famosa, a palavra “optei” aparece em vermelho e preto, as letras “P” e “T” na cor do recém-fundado Partido dos Trabalhadores. 
Não era a primeira e nem seria a última vez que a dona de casa se engajaria nas empreitadas políticas do companheiro. Da eleição de Lula à presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, em 1975, até a chegada ao Palácio do Planalto, em 2002, Marisa acumularia diversas funções, além de mãe de quatro filhos e chefe da casa dos Lula da Silva. 

sexta-feira, maio 01, 2020

Tormenta de Thais Oyama




O capitão e os generais 

Jair Bolsonaro subiu ao palco de Davos com o cenho franzido. Era o primeiro mandatário sul-americano que abria o Fórum Econômico Mundial. O evento, no dia 22 de janeiro, reuniu na cidade suíça setenta chefes de Estado e de governo e 3500 participantes, entre políticos tarimbados e membros da elite financeira global. De sobretudo de lã, apesar do ambiente superaquecido, o presidente brasileiro começou seu discurso com um improviso: Confesso que estou emocionado e me sinto muito honrado em me dirigir a uma plateia tão seleta. [...] O Brasil precisa de vocês, e vocês, com toda certeza em parte, precisam do nosso querido Brasil. Boa tarde a todos". O tique de apoiar-se de forma alternada numa e noutra perna denunciava seu nervosismo.