Biografia, investigação historiográfica e estudo crítico caracterizam Tietê, Tejo, Sena: A obra de Paulo Prado, de Carlos Eduardo Berriel, pesquisador e professor da Unicamp estudioso do Modernismo brasileiro. O livro é fundamental para olharmos de modo menos idealizado para o movimento paulista lançado pela Semana de 22. Centrado na produção do cafeicultor e ensaísta Paulo Prado, o autor mostra em seu exame como esse representante da oligarquia do café não deve ser visto apenas como o principal mecenas da Semana de Arte Moderna, pois foi, antes, seu grande idealizador. Empregando os termos do próprio Berriel, a obra de Prado permitiria entender o chão social e a condição de classe do Modernismo paulista. Lançado em 2000 pela Papirus, Tietê, Tejo, Sena ganhou uma edição revista e ampliada pela Editora da Unicamp em 2013.
Logo no título da obra identificamos a alusão a movimentos de influxo e incentivo ao Modernismo pela referência a três importantes rios: um no Brasil, outro em Portugal e o terceiro na França. O que eles teriam em comum? Sua ascendência nas artes, no pensamento e nos movimentos de vanguarda. De fato, tanto Lisboa quanto Paris tiveram forte influência em personagens primordiais para o desenvolvimento do modernismo brasileiro. O rio Tietê representa ainda a importância do interior paulista, por meio da produção de café, que impulsionou o desenvolvimento da capital do estado e a produção artística modernista. O Tietê, lembremos, é um rio que corta a cidade de São Paulo e corre em direção ao interior do Estado.