quarta-feira, agosto 26, 2020

Em Nome de Quem? A Bancada Evangélica e seu Projeto de Poder


As pesquisas para esse livro-reportagem começaram lá atrás, em 2015, quando escrevi a reportagem “Os Pastores do Congresso”, financiada por 945 pessoas e votada através do Reportagem Pública.
Na época, Dilma Rousseff ainda era presidente, e o que se sentia nos corredores do Congresso Nacional eram uma tensão e uma atenção ao redor de Eduardo Cunha, que teria papel central no processo de impeachment e ajudou a projetar a própria bancada evangélica.
Um culto dentro do Congresso Nacional, em que estive presente, reuniu boa parte dessa bancada – inclusive o próprio Cunha – para escutar o pregador que falava em crise e exortava os pastores deputados a se posicionar – como fariam.
Quando a editora Civilização Brasileira me convidou a transformar a matéria em livro, mergulhei novamente em campo, dos cultos no Congresso aos projetos de lei; das igrejas às redes de comunicação. Bati à porta dos gabinetes de cada um dos deputados da bancada evangélica (nem sempre fui bem recebida) para aprofundar minha investigação sobre as razões da postura aguerrida dos políticos evangélicos, sua crescente aproximação política com a direita, seu papel no impeachment de Dilma, no governo Temer, suas articulações para aprovar suas pautas. Visitei igrejas, ouvi sermões extremamente políticos e pude entender um pouco melhor a pressão exercida sobre os fiéis para votarem “dentro da visão”.
Nesse Em nome de quem? – pergunta central desse livro-reportagem, procuro compreender ainda as origens do pentecostalismo no Brasil, os princípios expressos na teologia da prosperidade e do domínio, a criação da “ideologia de gênero”; bem como retratar o crescimento e o alcance cada vez maior das igrejas evangélicas nas periferias e nos movimentos sociais. Depois de tudo isso, o que posso dizer (sem dar muitos spoilers do livro, que chega esta semana às livrarias) é que não devemos subestimar o poder crescente dessa religião que penetra dos rincões do país às instâncias dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário em ritmo crescente e acelerado