terça-feira, fevereiro 22, 2022

Guerra e Paz
Liev Tolstói



Quando se lê Guerra e Paz pela primeira vez, abre-se uma página distinta na biografia de cada um de nós. Por isso, escrever uma crítica apropriada desse livro é um desafio quase impossível. O que não é difícil é expressar minha imensa gratidão por ter tido a sorte de vivenciar o poder da grande arte num encontro tão pessoal - o poder da palavra criativa de penetrar a alma e produzir uma tempestade de emoções e de pensamentos, de chocar, deleitar e iluminar.

A obra-prima de Tolstói nos fala de questões existenciais sobre a essência do homem, o significado da vida, do amor, da felicidade, da morte... É uma aventura e uma viagem por um mundo diferente, não apenas em termos de geografia e de tempo. Ela nos fornece, nas palavras de Turguêniev, uma representação fiel do caráter e do temperamento do povo russo (de uma era passada), “melhor do que se lêssemos centenas de obras de etnografia e de história”. O romance é catártico e transformador, provocando uma mudança em nossa percepção e compreensão do mundo. É uma jornada que exige que nos livremos de todos os clichês e das imagens produzidas pela miríade de versões cinematográficas do livro de Tolstói, para assim “descobrir o que só pode ser descoberto pela arte do romance” nas palavras perspicazes de Kundera. Isso requer, de modo especial, que nos abramos à polifonia da narrativa e à compreensão que Tolstói tem da “história” - a razão de ser desse livro. Foi o que o afastou de sua intenção original de escrever sobre os Dezembristas, para ir buscar as fontes da sua inspiração - seguindo o sábio conselho de Puchkin, de escrever com sinceridade sobre o que foi presenciado, “a guerra e a paz”. Este é o princípio épico do romance, que liga os fios invisíveis da narrativa, formando um quadro único e monumental da vida.

Talvez Você Seja - Desconstruindo a Homofobia que Você nem Sabe que Tem
Marcelo Cosme



Em livro de estreia, "Talvez Você Seja - Desconstruindo a Homofobia que Você nem Sabe que Tem", o jornalista e apresentador da GloboNews Marcelo Cosme convida o leitor a uma reflexão, não sobre a própria sexualidade, como uma primeira leitura do título pode sugerir, mas sobre o comportamento preconceituoso que muitos têm sem nem se dar conta: "Quero te mostrar que nós, LGBTQIA+, estamos aí espalhados, somos o que quisermos ser. E que ‘Talvez você seja’ não mais um de nós, mas preconceituoso e não saiba", afirma na introdução. A publicação é um lançamento da Editora Planeta.

Escrito em tom de reportagem, o livro traz narrativas pessoais de Cosme, como causos de sua infância, o momento no qual, já adulto, beijou um homem pela primeira vez, a fatídica conversa de revelação com a família e o comentário que fez em rede nacional a respeito de seu namorado, atual noivo, cuja repercussão foi maior do que esperava.

Os Fuzis e as Flexas
Rubens Valente


Uma obra começa com um sonho de publicação, um desafio, uma sugestão que vai tomando corpo. Não seria diferente com o presente livro. Além de se observar o que vem sendo publicado nos contextos de interesse, a proposição de um livro é o desdobramento de um processo em geral lento, principalmente quando envolve fontes de criação diversas, pesquisas diferentes, tempos de criação diversos. E quando irrompem eventos inesperados ao cronograma de organização do material geral até sua efetiva publicação, assim como aconteceu com o aparecimento de uma pandemia, que acabou por paralisar partes que o cronograma de elaboração do presente livro ensejava, o desafio mostrou-se maior. Procuramos compilar ideias e saberes de pesquisas em três áreas distintas: Antropologia, Sociologia e Artes Visuais. Tangenciadas por reflexões instigantes com três perspectivas: Cultura, Imagem e contextos de produção. Para nossa grata satisfação e entusiasmo em perceber o quão esses assuntos estão potencialmente sendo discutidos em diferentes perspectivas. Recebemos muitos textos, de pesquisadores de muitos pontos do Brasil. As discussões escritas pelos autores e autoras, certamente desvelam, em cada uma das experiências, saberes e desejos de vários tipos e que providencialmente se inscrevem em agenciamentos, particularidades e referentes. São possibilidades, compilações reunidas que também se expandem ao propor outras formas de análises, intervenções e perspectivas inerentes a cada forma de compreender as culturas e imagens em seus contextos singularizados. O livro demorou a sair.

Tietê, Tejo, Sena: a obra de Paulo Prado
Carlos Eduardo Berriel


Biografia, investigação historiográfica e estudo crítico caracterizam Tietê, Tejo, Sena: A obra de Paulo Prado, de Carlos Eduardo Berriel, pesquisador e professor da Unicamp estudioso do Modernismo brasileiro. O livro é fundamental para olharmos de modo menos idealizado para o movimento paulista lançado pela Semana de 22. Centrado na produção do cafeicultor e ensaísta Paulo Prado, o autor mostra em seu exame como esse representante da oligarquia do café não deve ser visto apenas como o principal mecenas da Semana de Arte Moderna, pois foi, antes, seu grande idealizador. Empregando os termos do próprio Berriel, a obra de Prado permitiria entender o chão social e a condição de classe do Modernismo paulista. Lançado em 2000 pela Papirus, Tietê, Tejo, Sena ganhou uma edição revista e ampliada pela Editora da Unicamp em 2013.

Logo no título da obra identificamos a alusão a movimentos de influxo e incentivo ao Modernismo pela referência a três importantes rios: um no Brasil, outro em Portugal e o terceiro na França. O que eles teriam em comum? Sua ascendência nas artes, no pensamento e nos movimentos de vanguarda. De fato, tanto Lisboa quanto Paris tiveram forte influência em personagens primordiais para o desenvolvimento do modernismo brasileiro. O rio Tietê representa ainda a importância do interior paulista, por meio da produção de café, que impulsionou o desenvolvimento da capital do estado e a produção artística modernista. O Tietê, lembremos, é um rio que corta a cidade de São Paulo e corre em direção ao interior do Estado.

domingo, fevereiro 20, 2022

Horácio - O Tucano Desajeitado
RobertoLobo


Roberto Lobo é Professor carioca sensível a causa de combate ao tráfico de animais silvestres. Formado em História, Geografia e Educação Ambiental pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), tem uma trajetória em defesa do meio ambiente. É vice-presidente do Projeto Siri Azul, uma iniciativa da Frente Interativa de Esquerda (FINES), que defende a despoluição da Baía de Guanabara. Roberto acredita e defende o respeito a todas as formas de vida como fundamento de um mundo melhor para as futuras gerações, uma das razões que o levou a escrever “Horácio - o Tucano desajeitado.

Horácio, o Tucano desajeitado é uma obra atual que busca aproximar o meio ambiente como questão relevante na vida cotidiana da sociedade e, principalmente, convida o leitor através de seu personagem central Horácio, o tucano desajeitado, a conhecer a crueldade do tráfico de animais silvestres e o impacto cruel em nossa fauna do ponto de vista dele. A história é contada pelo próprio Horácio, numa narrativa de sua trajetória cheia de surpresas. Ele relata os acontecimentos desde o seu nascimento na floresta tropical, a saída brusca do seu habitat onde vivia com seus amiguinhos, até a sua chegada num ambiente novo e desconhecido. A sucessão de fatos é pontuada de encontros e desencontros. É um livro que enfatiza a importância do combate ao tráfico de animais silvestres através de uma leitura emocionante e reflexiva, e também, sensibilizar as pessoas pelo respeito que todas as formas de vida merecem.



quarta-feira, fevereiro 02, 2022

Pequeno Guia de Incríveis Artistas Mulheres
Beatriz Calil


Durante muito tempo, as artistas mulheres foram apagadas da história da arte em detrimento de seus colegas do sexo masculino. A artista Beatriz Calil escreveu o manifesto ‘Pequeno guia de Incríveis artistas mulheres que sempre foram consideradas menos importantes que seus maridos’, publicado pela editora Urutau, no intuito de valorizar a história dessas criadoras, além de lembrar que ainda hoje as estatísticas entre artistas homens e mulheres ainda é bastante desigual.



Confira a resenha do livro no link abaixo

A Casa da Vovó
Marcelo Godoy


Houve um momento em 1971, durante o regime militar, em que a repressão do Destacamento de Operações de Informações (DOI) de São Paulo aos militantes de grupos de esquerda no País mudou de qualidade. O cotidiano de violência e morte foi disciplinado.

Produziram-se regras sobre quem devia apanhar, quem devia bater, quem devia viver, quem devia morrer. Tudo com o conhecimento do comando. Essa história agora é contada pelos próprios agentes que trabalharam no DOI – e está no livro A Casa da Vovó. “Tinha um critério: foi preso, fez curso (de guerrilha) em Cuba ou na China ou na Argélia… Era na rua mesmo”, revelou o tenente Chico, que trabalhou 20 anos no DOI.

A ordem de matar os presos que tivessem treinamento de guerrilha no exterior se estendia às pessoas que, banidas do território nacional, voltassem clandestinas ao Brasil. “O banido era para morrer rápido. Já não existia. Tinha de morrer mesmo”, contou a tenente Neuza, que esteve no destacamento de 1970 a 1975.